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A Casa de Hades - CAP. LXVIII

.. domingo, 16 de março de 2014
Capítulo LXVIII - Frank

FRANK NÃO PERCEBEU QUE ESTAVA brilhando. Mais tarde, Jason lhe disse que a bênção de Marte o envolvera em uma luz vermelha, como ocorrera em Veneza. Dardos não podiam atingi-lo. De algum jeito, as pedras se desviavam. Mesmo com uma flecha cravada em seu braço esquerdo, Frank nunca se sentira tão cheio de energia.
O primeiro ciclope foi destruído tão rapidamente que pareceu mentira. Frank o cortou ao meio, do ombro à cintura. O grandalhão explodiu em pó. O ciclope seguinte recuou, nervoso, de modo que Frank cortou suas pernas e derrubou-o no abismo. Os outros monstros que estavam do seu lado do abismo tentaram recuar, mas a legião os deteve.
— Formação Tetsubo! — gritou Frank. — Fila única, avançar!
Foi o primeiro a atravessar a ponte. Os mortos o seguiram, seus escudos fechados em ambos os lados e sobre as suas cabeças, desviando todos os ataques. Quando o último dos zumbis atravessou, a ponte de pedra desmoronou na escuridão, mas aquilo já não importava mais.
Nico continuou invocando mais legionários para se juntarem à luta. Ao longo da história do império, milhares de romanos serviram e morreram na Grécia. Agora, estavam de volta, respondendo ao chamado do cetro de Diocleciano.
Frank avançou, destruindo tudo à sua passagem.
— Vou queimar você! — guinchou um telquine, brandindo desesperadamente um frasco de fogo grego. — Tenho fogo!
Frank o abateu. Quando o frasco começou a cair em direção ao chão, chutou-o pela borda do penhasco antes que pudesse explodir.
Uma empousa arranhou o peito dele com as suas garras, mas Frank nada sentiu. Transformou o demônio em poeira e continuou avançando. A dor não era importante. A derrota era impensável.
Ele era o líder da legião agora, fazendo aquilo que nascera para fazer: lutar contra os inimigos de Roma, manter o seu legado, proteger as vidas de seus amigos e companheiros. Ele era o pretor Frank Zhang.
Suas forças varreram o inimigo, frustrando todas as suas tentativas de se reagrupar. Jason e Piper lutaram ao seu lado, gritando desafiadoramente. Nico avançou contra o último grupo de nascidos da terra, transformando-os em montes de lama com sua espada negra de ferro estígio.
Antes que Frank pudesse perceber, a batalha terminou. Piper traspassou a última empousa, que se vaporizou com um grito angustiado.
— Frank — chamou Jason — você está pegando fogo.
Ele olhou para baixo. Algumas gotas de óleo deviam ter respingado em sua calça, que estava começando a pegar fogo. Bateu até a calça parar de fumegar, mas não estava particularmente preocupado. Graças a Leo, não precisava mais temer o fogo.
Nico pigarreou:
— Hã... também há uma flecha cravada no seu braço.
— Eu sei.
Frank arrancou a base e tirou a ponta da flecha. Sentiu apenas uma sensação de calor e de algo saindo.
— Vou ficar bem.
Piper o fez comer um pedaço de ambrosia. Enquanto enfaixava a ferida, elogiou:
— Frank, você foi incrível. Completamente assustador, mas incrível.
Frank teve dificuldade para processar as palavras dela. Assustador não poderia se aplicar a ele. Era só Frank.
Sua adrenalina se esvaiu. Olhou em volta, perguntando-se para onde tinham ido os inimigos. Os únicos monstros que sobraram eram os seus próprios mortos-vivos romanos, que estavam parados em um estado de estupor com as armas abaixadas.
Nico ergueu o cetro, cujo orbe estava escuro e adormecido.
— Os mortos não permanecerão muito mais tempo agora que a batalha terminou.
Frank voltou-se para as suas tropas.
— Legião!
Os soldados zumbis ficaram de prontidão.
— Vocês lutaram bem — disse Frank — agora podem descansar. Dispensados.
Eles se desfizeram em pilhas de ossos, armaduras, escudos e armas. Então, até aquilo se desintegrou.
Frank sentiu como se estivesse a ponto de desmoronar. Apesar da ambrosia, o braço ferido começou a pulsar. Seus olhos estavam pesados de exaustão. A bênção de Marte esvaecia, deixando-o esgotado. Mas sua missão tinha terminado.
— Hazel e Leo — lembrou — precisamos encontrá-los.
Seus amigos olharam através do abismo. Na outra extremidade da caverna, o túnel em que Hazel e Leo entraram estava obstruído por toneladas de escombros.
— Não podemos ir por aquele caminho — disse Nico. — Talvez...
Subitamente, ele cambaleou. Nico teria caído se Jason não o tivesse amparado.
— Nico — disse Piper — o que foi?
— As Portas — disse ele. — Alguma coisa está acontecendo. Percy e Annabeth... precisamos ir agora.
— Mas como? — disse Jason. — O túnel já era.
Frank trincou os dentes. Não fora tão longe para ficar ali, impotente, enquanto seus amigos estavam em apuros.
— Não será divertido — disse ele. — Mas há outro jeito.

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