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O Sangue do Olimpo - CAP. LIII

.. segunda-feira, 17 de novembro de 2014
Capítulo LIII - Nico

NICO JÁ HAVIA PRESENCIADO MUITAS formas de morte. Achava que mais nada poderia surpreendê-lo.
Mas estava enganado.
No meio da batalha, Will Solace correu até ele e disse uma palavra em seu ouvido:
— Octavian.
Toda a sua atenção se voltou para isso. Ele havia hesitado quando tivera a chance de matar Octavian, mas nunca ia deixar aquele sujeitinho desprezível escapar impune.
— Onde ele está?
— Venha — disse Will. — Depressa.
Nico se virou para Jason, que lutava ao seu lado, e avisou:
— Preciso ir!
Então ele se embrenhou no caos, seguindo Will. Passaram por Tyson e seus ciclopes, que berravam “Cachorro mau! Cachorro mau!” enquanto golpeavam as cabeças dos cinocéfalos. Grover Underwood e um grupo de sátiros dançavam ao redor com suas flautas de Pã, tocando harmonias tão dissonantes que os fantasmas com carapaças de terra se despedaçavam. Travis Stoll passou correndo, discutindo com o irmão:
— Como assim nós instalamos as minas terrestres na colina errada?
Nico e Will tinham descido metade da encosta quando o chão começou a tremer. Como todo mundo, monstros ou semideuses, eles ficaram paralisados de choque. Diante de seus olhos, uma coluna de terra explodiu em um turbilhão no alto da colina seguinte, e Gaia se ergueu em toda a sua glória.
Então algo grande e de bronze cruzou o céu.
TUUUUMP!
O dragão de bronze Festus apanhou a Mãe Terra e saiu voando com ela.
— Mas o que... como...? — balbuciou Nico.
— Não sei — disse Will. — Mas, quanto a isso, não há muito o que a gente possa fazer. Temos outros problemas.
Will correu na direção do onagro mais próximo. Quando chegaram mais perto, Nico viu Octavian reajustando furiosamente os controles de mira da máquina. O braço de lançamento já estava posicionado com uma carga completa de ouro imperial e explosivos. O áugure corria de um lado para outro, tropeçando em engrenagens e estacas de fixação, se enrolando com as cordas. De vez em quando olhava para Festus, lá no alto.
— Octavian! — gritou Nico.
O áugure se virou, depois recuou acuado contra a grande esfera de munição. Seu belo manto roxo prendeu na corda do gatilho, mas Octavian não percebeu. Da carga escapavam fios de fumaça, que contornavam sinuosamente seu corpo, como se atraídos pelas joias de ouro imperial que ele usava nos braços e no pescoço e pela coroa de louros de ouro que ornava seu cabelo.
— Ah, entendi! — O riso de Octavian foi seco e consideravelmente insano. — Tentando roubar minha glória, hein? Não, não, filho de Plutão. Eu sou o salvador de Roma, como me foi prometido!
Will levantou as mãos como se tentasse aplacá-lo.
— Octavian, afaste-se desse onagro. É perigoso.
— Claro que é! Vou derrotar Gaia com esta máquina!
Pelo canto do olho, Nico viu Jason Grace disparar rumo ao céu com Piper nos braços, voando direto na direção de Festus.
Nuvens de tempestade se acumulavam em volta do filho de Júpiter, girando e formando um furacão. Um trovão ribombou.
— Está vendo!? — exclamou Octavian. Agora o ouro em seu corpo definitivamente soltava fumaça, atraído pela carga da catapulta como se ela fosse um ímã gigante. — Os deuses aprovam meus atos!
— É Jason que está criando esta tempestade — disse Nico. — Se você disparar o onagro, vai matá-lo, e a Piper, e...
— Ótimo! — gritou Octavian. — Eles são traidores mesmo! Todos traidores!
— Por favor, me escute — tentou Will novamente. — Apolo não desejaria isso. Além do mais, seu manto está...
— Você não sabe de nada, graecus! — Octavian levou a mão à alavanca de disparo. — Preciso agir antes que eles subam ainda mais. Só um onagro assim pode acertar esse tiro. Eu vou, sozinho, fazer...
— Centurião — chamou uma voz atrás dele.
Era Michael Kahale, que surgira de trás da máquina de cerco. Ele exibia na testa um enorme galo vermelho, resultado do golpe de Tyson que o havia deixado inconsciente. Michael cambaleava. Mas, sabe-se lá como, tinha conseguido vir desde a praia até ali, e no caminho ainda arranjara uma espada e um escudo.
— Michael! — exclamou Octavian, em um gritinho de alegria. — Excelente! Proteja-me enquanto eu disparo este onagro. Depois vamos juntos matar esses graeci!
Michael Kahale observou a cena à sua frente: o manto de Octavian emaranhado nas cordas de torção do onagro, suas joias soltando fumaça devido à proximidade com a munição de ouro imperial. Ele olhou para o dragão, agora bem alto no céu, cercado por anéis de nuvens de tempestade – como os círculos de um alvo de arco e flecha. Então fechou a cara para Nico.
Nico ergueu a espada.
Era óbvio que Michael Kahale alertaria Octavian para que se afastasse do onagro. Era óbvio que atacaria.
— Tem certeza, Octavian? — perguntou o filho de Vênus.
— Tenho!
— Certeza absoluta?
— Sim, seu idiota! Serei lembrado como o salvador de Roma. Agora mantenha esses garotos longe enquanto eu destruo Gaia.
— Octavian, não — implorou Will. — Não podemos permitir que você...
— Will — interveio Nico — não podemos impedi-lo.
Will Solace olhou para ele sem acreditar, mas Nico se lembrou das palavras que ouvira do pai na Capela dos Ossos: Algumas mortes não podem ser evitadas.
Os olhos de Octavian brilhavam.
— Isso mesmo, filho de Plutão. Você não tem condições de me impedir! Esse é o meu destino! Kahale, fique de guarda!
— Como quiser — Michael se colocou em frente à máquina, entre Octavian e os dois semideuses gregos. — Centurião, faça o que deve fazer.
Octavian se virou para fazer o disparo.
— Um amigo fiel até o fim.
Nico estava entre a cruz e a espada. Se o tiro do onagro seguisse a mira original... se acertasse o dragão Festus, Nico seria cúmplice da morte ou do ferimento dos próprios amigos... Mas ele ficou onde estava. Decidiu, pela primeira vez, confiar na sabedoria do pai. Algumas mortes não devem ser evitadas.
— Adeus, Gaia! — gritou Octavian. — Adeus, Jason Grace, seu traidor!
Octavian cortou o cabo de liberação do braço lançador com sua adaga de áugure.
E desapareceu.
O braço da catapulta se projetou para o alto mais rápido do que os olhos de Nico conseguiam acompanhar, lançando Octavian com a munição. O grito do áugure foi diminuindo até Octavian se tornar uma mera parte do cometa flamejante que subia velozmente na direção do céu.
— Adeus, Octavian — disse Michael Kahale.
Ele olhou para Will e Nico pela última vez, um olhar feroz, como se estivesse desafiando os dois a falar. Depois lhes deu as costas e se afastou, caminhando com dificuldade.
Nico podia ter vivido com o fim de Octavian.
Podia até ter dito Já vai tarde.
Mas ficou apreensivo ao ver o cometa continuar a ganhar altura até desaparecer nas nuvens de tempestade, e o céu explodir em uma abóbada de fogo.

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