XIX - Annabeth
ELAS NÃO CONSEGUIRAM CHEGAR AO NAVIO.
Do outro lado do cais, três águias gigantes desceram na frente delas. Cada comandante Romano com roupas em roxo brilhante, armadura de ouro, espada e escudo. Águias voavam, e o Romano do meio, que parecia era mais magrelo do que os outros, levantou a viseira.
— Renda-se a Roma! — Octavian gritou.
Hazel chamou sua espada de cavalaria e resmungou:
— Sem chance, Octavian.
Annabeth amaldiçoou sob sua respiração. Por si mesmo, o áugure magro não teria a incomodado, mas os outros dois caras pareciam ser experientes guerreiros muito maiores e mais fortes do que Annabeth gostaria, especialmente porque Piper e ela estavam armadas apenas com adagas.
Piper levantou as mãos em um gesto apaziguador.
— Octavian, o que aconteceu no acampamento... Nós podemos explicar.
— Não posso ouvir você! — Octavian gritou. — Temos cera em nossos ouvidos – é nosso procedimento padrão ao lutar com sereias malignas. Agora, joguem para baixo suas armas e se virem lentamente para que eu possa prender suas mãos.
— Deixe-me espetá-lo — Hazel murmurou. — Por favor.
O navio estava apenas cinquenta metros de distância, mas Annabeth não viu nenhum sinal do treinador Hedge no convés. Provavelmente estava assistindo seus estúpidos programas de artes marciais. O grupo de Jason não estaria de volta até o anoitecer e Percy estava debaixo d´água, sem saber da invasão. Se Annabeth pudesse subir a bordo, poderia usar as balistas, mas não havia maneira de contornar estes três Romanos. Ela estava correndo contra o tempo. As águias circulavam acima, gritando como se estivesse alertando para seus irmãos:Ei, tem alguns semideuses gregos mais saborosos aqui! Annabeth não podia mais ver a carruagem voadora, porém assumiu que estavam por perto. Ela tinha que descobrir algo antes que mais Romanos chegassem.
Ela precisava de ajuda... Algum tipo de sinal de socorro para o treinador Hedge, ou ainda melhor, Percy.
— Bem? — Octavian exigia.
Seus dois amigos brandindo suas espadas.
Muito lentamente, usando apenas dois dedos, Annabeth puxou sua adaga. Em vez de deixá-la cair, ela jogou tão longe quanto podia para a água.
Octavian fez um som chiado.
— O que foi isso? Eu não disse para lançá-lo! Poderia ter sido evidência. Ou despojos de guerra!
Annabeth tentou um sorriso loira-burra, como: Oh, não me diga. Ninguém que a conhecia seria enganado. Mas Octavian parecia comprá-lo. Ele bufou, exasperado.
— Vocês duas... — Ele apontou sua lâmina para Hazel e Piper. — Coloquem suas armas no chão...
Não foi necessário.
Todo o porto de Charleston ao redor dos Romanos irrompeu como uma fonte em Las Vegas durante um show. Quando a parede de água do mar baixou, os três Romanos estavam na baía, cuspindo e freneticamente tentando se manter boiando em sua armadura.
Percy estava no cais, segurando a adaga de Annabeth.
— Você deixou cair isso — disse ele, com uma expressão totalmente poker face.
Annabeth jogou os braços ao redor dele.
— Eu te amo!
— Gente — Hazel os interrompeu. Ela tinha um sorriso no rosto. — Nós precisamos nos apressar.
Lá embaixo, na água, Octavian gritou:
— Tirem-me daqui! Eu vou matar você!
— Tentador — disse Percy falando baixo.
— O quê? — Octavian gritou. Ele estava segurando um de seus guardas, que estava tendo problemas em mantê-los tanto à tona.
— Nada! — Percy gritou de volta. — Vamos, gente.
Hazel franziu a testa.
— Nós não podemos deixá-los se afogar, podemos?
— Eles não vão — Percy prometeu. — Fiz com que a água circule em torno de seus pés. Logo que estivermos fora de alcance, eu vou cuspi-los para a praia.
Piper sorriu.
— Legal.
Eles subiram a bordo da Argo II e Annabeth correu para o leme.
— Piper, fique embaixo. Use o leme para mandar uma mensagem de Íris. Avise Jason para voltar aqui!
Piper assentiu e saiu correndo.
— Hazel, encontre o treinador Hedge e diga-lhe para vir com seu traseiro peludo ao convés!
— Certo!
— E Percy, você e eu precisamos levar este navio para Fort Sumter.
Percy assentiu e correu para o mastro. Annabeth assumiu o comando. Suas mãos voaram através dos controles. Ela só esperava que soubesse o suficiente para operá-los.
Annabeth tinha visto Percy controlando navios de vela antes apenas com sua força de vontade. Ele não decepcionou – cordas voaram por conta própria, liberando os laços da doca, recolhendo a âncora. As velas abriram e pegaram o vento. Enquanto isso, Annabeth ligou o motor. Os remos se estenderam com um som como fogo de metralhadora, e virou o Argo IIda doca, indo para a ilha à distância.
As três águias ainda circulavam acima, mas não fizeram nenhuma tentativa para pousar no navio, provavelmente porque a figura de Festus soprava fogo sempre que chegavam perto. As águias voavam em formação em direção a Fort Sumter, pelo menos uma dúzia. Se cada um deles carregava um semideus Romano, eram muitos inimigos.
Treinador Hedge veio batendo as escadas com Hazel em seus cascos.
— Onde eles estão? — ele exigiu. — Quem eu devo matar?
— Não deve matar! — Annabeth ordenou. — Apenas defenda o navio!
— Mas eles interromperam um filme do Chuck Norris!
Piper emergiu de baixo do convés.
— Recebi uma mensagem de Jason. Estranho, mas ele já está a caminho. Deve estar... oh! Ali!
Sobrevoando a cidade, em sua direção, vinha uma águia gigante careca, diferente dos outros pássaros Romanos.
— Frank! — disse Hazel.
Leo estava segurando o pé da águia e até mesmo do navio, Annabeth podia ouvir seus gritos e xingamentos. Atrás deles Jason voava, cavalgando o vento.
— Nunca vi Jason voar antes — Percy resmungou. — Ele parece um Superman loiro.
— Não é hora para isso! — Piper repreendeu. — Olha, eles estão em apuros!
Com certeza, a carruagem voadora Romana tinha descido de uma nuvem e estava mergulhando em linha reta em direção a eles. Jason e Frank desviaram do caminho, arremetendo para cima para evitarem ser pisoteados pelo pégaso. Os cocheiros dispararam seus arcos e flechas assobiaram sob os pés de Leo, o que o levou a mais gritos e xingamentos. Jason e Frank foram forçados a ultrapassar o Argo II e voar em direção a Fort Sumter.
— Eu vou pegá-los! — gritou o treinador Hedge.
Ele girou a porta da balista. Antes que Annabeth pudesse gritar: “Não seja estúpido!” Hedge se foi. O lança chamas disparou em direção a carruagem. Ele explodiu sobre as cabeças dos pégasos e os colocou em pânico. Infelizmente, também havia chamuscado as asas de Frank e o colocou fora de controle. Leo escorregou de suas garras. A carruagem disparou em direção a Fort Sumter, batendo em Jason.
Annabeth assistiu com horror quando Jason, obviamente tonto e com dor se lançou para Leo e o pegou, então se esforçou para ganhar altitude. Ele só conseguiu retardar sua queda. Eles desapareceram por trás das muralhas do forte. Frank caiu depois deles. Em seguida, a carruagem caiu em algum lugar dentro do forte e colidiu com um CRACK!, um som que parecia um osso rachando. Uma roda quebrada girou pelo ar.
— Treinador! — Piper gritou.
— O quê? — Hedge exigia. — Foi apenas um tiro de aviso!
Annabeth acelerou os motores. O casco estremeceu como eles ganharam velocidade. As docas da ilha estavam a apenas uma centena de metros de distância, mas mais de uma dúzia de águias estavam subindo, sobrecarregadas, cada uma carregando um semideus romano em suas garras.
A tripulação do Argo II estaria desvantagem de pelo menos três para um.
— Percy — Annabeth disse — vamos ter dificuldade para entrar. Eu preciso de você para controlar a água e para não se chocar contra as docas. Uma vez que estivermos lá, você vai ter que segurar os atacantes. O resto de vocês ajudem-no a proteger o navio.
— Mas e Jason! — Piper disse.
— Frank e Leo! — Hazel acrescentou.
— Vou encontrá-los — Annabeth prometeu. — Tenho que descobrir onde o mapa está. E tenho certeza de que sou a única pessoa que pode fazer isso.
— O forte está cheio de Romanos — Percy advertiu. — Você vai ter que lutar com eles em seu caminho, encontrar nossos amigos, supondo que eles estejam bem, depois encontrar este mapa e trazer todos de volta vivos. Tudo em um único dia?
— Apenas um dia comum — Annabeth beijou-o. — Faça o que fizer, não os deixe tomar este navio!
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